Demorou mas aconteceu. Bruce Lehman declarou numa conferência em Montreal que o DMCA e a política de propriedade intelectual são um fracasso, culpando a indústria fonográfica por grande parte do fiasco dessa política. O mea culpa de Lehman vazou a conferência através de anônimos e saiu no Slashdot, no Boing Boing e no Infocult. Eu já suspeitava que essa política estava com seus dias contados desde que ouvi Melinda Gates esbravejando contra a propriedade intelectual e a "ganância" (sic) no show da AIDS em agosto de 2006 em Toronto. A moça estava possessa e parecia uma passionária em seu discurso, que foi aplaudido de pé pelo estádio. Se a primeira dama da ganância condena a origem de sua riqueza aos brados é porque os ventos estão a soprar novos tempos; talvez os tempos da WEB 2.0 que se casam perfeitamente com o .NET da MS marital, ou com o Orkut do Google ou o Second Life de Mitch Kapor e o Linder Lab. Para os céticos com o que eu dizia na época bastava lembrar que a Fundação Gates havia premiado a política brasileira de combate a AIDS - que envolveu a quebra de patente e desenvolvimento de similar genérico -, dando uma nota preta de premio para ela, ao mesmo tempo em que criticava duramente a política dos Estados Unidos para o mesmo setor - uma política idêntica à da RIAA para com os direitos autorais. Ao avisar que os 500 milhões de dólares de sua Fundação não beneficiariam pesquisadores que não aceitassem partilhar suas descobertas com os demais, Melinda atacou o direito da propriedade intelectual.